Dreamcast – A última da SEGA
Já por diversas vezes ouvi dizer que a Dreamcast era uma consola à frente do seu tempo. Com características como jogar online e navegar na internet em 1999, especificações bastante melhores que a concorrência em conjunto com uma arquitetura de 128 bits e ainda o apoio de uma biblioteca de jogos fenomenal.
Mas então o que aconteceu para ter sido descontinuada apenas 4 anos após o seu lançamento, em 2003? A Playstation 2.
A SEGA já tinha dado 2 tiros no pé antes , o primeiro foi a tentativa de prolongar a vida da Mega Drive II através de acessórios como o Mega CD e o X32 sendo este último vendido como “a entrada do homem pobre na próxima geração” e saiu quando a Sega Saturn já estava anunciada para o ano seguinte.
O segundo tiro no pé foi a Sega Saturn desenvolvida para competir com a Playstation sendo que a verdadeira derrota foi na complexidade exigida para desenvolver jogos para esta, a Sega Saturn usava uma arquitetura bastante complexa e oferecia pouco apoio aos desenvolvedores 3rd party precisamente o contrário da Playstation 1.
Foi então que a perder terreno rapidamente e consequentemente lucro, a SEGA optou por dar um fim precoce à Saturn e começar a trabalhar num novo projeto, conhecido como “Blackbelt”/ “Dural” / “Katana”. Por uma razão desconhecida, a SEGA decidiu dar o desafio de construir uma consola nova à Sega Americana (Projeto Blackbelt) e à Sega Japonesa (Projeto Dural), destes dois foi escolhido o projeto Dural que foi dado o novo nome de Katana antes do seu definitivo, Dreamcast cujo mote foi “O poder infinito dos seres humanos”.
O lançamento foi um sucesso, batendo inclusive record no Estados Unidos com 500.000 unidades vendidas no primeiro dia. Após isso existiu apoio de várias empresas , inclusive a gigante Microsoft que lançou um kit de desenvolvimento baseado no Windows CE exclusivo para a Dreamcast.
Outro trunfo era o preço. A Dreamcast custava 50.000 escudos (250€) e tinha acesso à internet, o que na altura apenas num computador se podia ter e bem.. por menos de 200.000 escudos (1.000€) era difícil encontrar um.
Portanto a Dreamcast tinha:
- Acesso à internet e possibilidade de jogar online
- Melhor especificações que a concorrência
- Biblioteca de jogos com qualidade e não só quantidade
- Preço acessível
- Apoiava os desenvolvedores com ferramentas que facilitassem o seu trabalho (não repetiu o erro com a Sega Saturn, onde a linguagem de programação era de baixo nível, Assembly)
Aliado a isto, teve um lançamento incrível, portanto porque é que teve um fim precoce como a sua antecessora e marcou o fim da SEGA nas consolas? A vinda do DVD.
Sim, a Playstation 2 utilizava DVD e o seu preço era equivalente ao de um leitor de DVD aquando saiu, trazendo assim, a ideia de que afinal as consolas não são apenas para jogar mas também um centro multimédia (e a perfeita desculpa para comprar a PS2, “Querida vou comprar um DVD, não é só uma consola!”).
A partir do momento que a PS2 foi lançada, a Dreamcast desceu e desceu até começar a ser vendida ao custo de fabrico e consequente descontinuação.
Mas a Dreamcast tinha acesso à internet, isso não era coisa que fizesse esquecer a lacuna do DVD? Hoje em dia, sim, mas naquela altura a internet ainda não era o espaço fantástico que conhecemos hoje e nem sempre jogar online era uma tarefa fácil( com 50mb têm lag? imaginem com 54k) nem era barato ter um fornecedor de internet, portanto a melhor alternativa da altura era mesmo os formatos físicos como os DVD’s e CD’s.
Tivesse a Dreamcast optado por um leitor de DVD em vez do seu GD-ROM e talvez agora a batalha das consolas fosse travada a 4 e não a 3.
Fica aqui um folheto aquando o lançamento, um especial agradecimento ao jabun por disponibilizar-me o mesmo.
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[…] a elaboração do artigo da Dreamcast fiquei com a estranha vontade de adquirir uma, a SEGA conseguiu-me convencer a comprar a sua […]